quarta-feira, 28 de outubro de 2009

SEMEANDO VENTOS (3) - responsabilidade vs. exaltação

Nestas eleições a CDU, os seus militantes e simpatizantes, tinham fundamentadas esperanças e legítimas expectativas de vencer estas eleições autárquicas na Cuba. Uma equipa fortemente motivada e um programa interessante, com alguns projectos bastante arrojados, bem como os mais recentes resultados eleitorais, foram reforçando essa convicção, mais para além do que apenas um desejo.
E compreende-se que a desilusão tenha sido muito forte, tão forte quanto era a proximidade da vitória.
Oficialmente, a Concelhia da CDU adoptou uma postura responsável e de serenidade, analisou os resultados e concluiu que houve factores estranhos que os influenciaram – votos de ciganos e de não-residentes, e informou que accionou os mecanismos legais para apuramento da verdade.
Todavia, lamentavelmente alguns dos seus simpatizantes (?) logo decidiram apontar baterias para os Cubenses Não-residentes, acusando-os de terem interferido indevidamente na escolha dos destinos da Cuba – a troco da presença num almoço anual…
Estando longe da minha terra e sem quaisquer outros dados que não os publicados nos jornais, neste blog e noutros locais da internet, também acho estranho que possam ter votado na Cuba cerca de 120 Cubenses Não-residentes.
Não porque seja inédito que haja cidadãos a votar nas suas localidades com as quais mantêm os mais fortes laços (no próprio dia das eleições a televisão emitiu reportagens focando algumas situações do género), mas porque o número me parece demasiado elevado para este tipo de situações.
Não me surpreenderia se, comparativamente com outros concelhos, que uma dezena ou vintena de Cubenses Não-residentes mantivesse ainda o mesmo cartão de eleitor que tinha anteriormente por desejar manter essa tal ligação afectiva à sua terra, ou que alguns outros tenham decidido oficializar como morada a residência que têm agora na Cuba, mas 120 acho um exagero, apesar de ter perfeita noção que os Cubenses Não-residentes mantêm forte afectividade e muito interesse com tudo aquilo que diz respeito à sua terra, bastante superior ao de outras gentes.
Qualquer que tenha sido o número efectivo dessas situações, também não me parece que se possa deduzir que todos esses Cubenses votaram da mesma forma, todos no mesmo partido.

(continua ...)

3 comentários:

  1. Até entendo que lhe pareça estranho o numero de 120 mas os nomes estão descargados nos cadernos eleitorais e esses cadernos supostamente não devem mentir poratanto pode acreditar no numero de 120.
    Estranha no minimo a maneira de mostrar essa afectividade que fal pela terra, se fosse eu viria cá mais que 2 ou 3 vezes por ano e não vira cá certamente só pela feira e para votar, porque quer o Srº queira quer não isso aconteçe com a maioria dos não residentes.
    Agora gostaria que o Srº me respondesse:
    Afinal todos temos o direito a votar e devemos faze-lo mas acha o Srº moral e eticamente correcto que quem não vive cá vir interferir nos destinos dos que cá estão 365 dias por ano?
    Se fosse na area da sua residencia não ficaria o Srº tambem exaltado, não sentiria que outros decidiram por si ?
    E se os cubenses não residentes tem assim tanta afectivida á terra concerteza deixariam para quem vive cá a escolha de quem querem para gerir a autarquia porque afinal que sabe o que é o melhor parar a terra são os que cá vivem e não os que cá dão uma saltada quando é dia de festa.

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  2. Caro conterrâneo anónimo de 29/10, 2:47

    Obrigado pelo seu comentário.
    Sim, acho estranho o número de 120, e como tal, se esse número estiver confirmado, acho que algo de incomum se passou, e que toda a verdade deve ser apurada.
    Pela minha parte vou à Cuba quando posso, e vou bastante mais do que 2 ou 3 vezes por ano. Não vou só pela Feira, nem fui votar (uma vez que não estou nem nunca estive recenseado na Cuba).
    A maioria dos Cubenses não-residentes apenas vai à Cuba pela Feira (ou nem isso) mas todos eles gostariam de poder ir aí mais vezes, só que a vida não o permite ou não facilita.
    Não acho nem moral nem eticamente correcto que quem não vive na Cuba em regime de permanência ou quase permanência possa votar na Cuba (haverá sempre um pequeno número de situações excepcionais, que poderão estar em fases de transição.)
    Concordo com o resto do que escreve, mas se leu o meu texto com atenção eu não disse o contrário. Apenas contestei a generalização e os consequentes ataques aos Cubenses não-residentes.
    cumprimentos
    Carlos Alberto Calado

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  3. Eu entendo a sua posição e a sua defesa como pode ver por o começo do meu cometário eu até acho natural sendo o srº um não residente que ache o numero de 120 bastante, eu se não estivesse por dentro desta nossa realidade provavelmente pensaria da mesma que o Srº Carlos.
    Quanto a generalização dos comentários acho que o proverbio popular «paga o justo pelo pecador» se adequa porque até conheço vários não residentes que provavelmente não mereciam este tipo de comentários, mas acho que foi muito injusto para quem cá vive o que a grande maioria os que nos visitam menos vezes fizeram, obviamente ninguém os impediu de votar nem isso seria lógico pois continuam cá recenseados a única coisa que os poderia impedir de cá vir votar seria a consciência dos próprios.

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