quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Porquê?

Este blog surge casualmente, apenas para dar a conhecer na íntegra o nosso artigo "Semeando ventos", o qual contém esclarecimentos e opinião a propósito da participação de Não-residentes no acto eleitoral autárquico na Cuba.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

SEMEANDO VENTOS (1) - rescaldo das eleições

No rescaldo das eleições autárquicas e dos resultados verificados na Cuba, publicou o Blog “Cubalivre” um texto com o título “Os não-residentes – parte I”, que faz eco do principal tema que terá sido objecto das conversas dessa semana seguinte às eleições.
Pelo que depreendi, quer pela leitura do “post”, quer pelos comentários respectivos, quer ainda pelo comunicado da Comissão Concelhia da CDU e mais recentemente por artigo num jornal diário, os resultados finais das eleições autárquicas na Cuba terão sido “distorcidos” devido aos votos de cerca de 40 ciganos e de um número indeterminado ou provavelmente cerca de 120 ou até 140 eleitores não-residentes.
A partir desta apreciação foi depois muito curto o passo até se chegar a afirmações totalmente descabidas e mesmo a idiotices torpes, surgidas no espaço de comentários anónimos.
Em primeiro lugar, porque logo vi aquela expressão “não-residentes” ser equiparada a “Cubenses Não-residentes”, termo que tem sido utilizado para designar os naturais da Cuba que não residem no Concelho e que têm vindo a reunir-se anualmente em almoço-convívio organizado pela Câmara Municipal e promovido pelo Núcleo de Amigos da Cuba.
Em segundo lugar porque, de imediato, o autor do blog avançou para uma explicação mesquinha sobre a alegada participação de largo número de “não-residentes” na votação autárquica:
«E tudo isto apenas com uma preocupação: manter um lugar no almoço anual, com que pela Feira o Sr. Francisco Orelha resolve pagar estes e outros favores.»

Em terceiro lugar porque os leitores com menor espírito crítico logo embarcaram em insultos gratuitos aos “Cubenses Não-residentes” em geral, havendo mesmo um ou outro anónimo que acusou ofensivamente alguns dos promotores do almoço-convívio:
«Tenho 60 anos e nunca vi esta gente que foi votar cá por Cuba! vieram de vários sitios e quem lhes deu as moradas(ORELHAS) foram joão grego,Carlos Calado e o BArbas das bicicletas!isto faz-me lembrar os táis policias do outro regime,não acham?.
20 de Outubro de 2009 8:54»


Antes de mais, importa desde já esclarecer todos os conterrâneos cubenses e principalmente aqueles que vivem na nossa terra, que os “Cubenses Não-residentes” não são um bando de parasitas que vai todos os anos “mamar” um almoço (expressão utilizada noutro comentário anónimo) à custa de quem aí vive.
Os participantes adultos pagam uma comparticipação nos custos do almoço, cujo valor foi de 7,50 Euros este ano e a Câmara tem atribuído uma comparticipação de 4600 Euros.

(continua ...)

SEMEANDO VENTOS (2) - o custo do almoço

Olhando, como exemplo, as contas publicadas e aprovadas relativas ao ano de 2008, os custos externos do almoço foram de cerca de 6600 Euros e a comparticipação dos "Cubenses Não-residentes" cifrou-se em cerca de 2300 Euros, resultantes do valor de 7 Euros pago por 330 adultos, num total ligeiramente superior a 400 pessoas (incluindo crianças). Sendo o almoço destinado a cerca de 600 pessoas no total, número que inclui não apenas os "Cubenses Não-residentes" como também os elementos da Banda Filarmónica e do Grupo Coral (em regime de rotatividade, de entre os Grupos da Cuba) e os convidados da CMC (entidades oficiais, representantes de Colectividades e Associações, vereadores, deputados municipais, membros das Juntas de Freguesia, etc.), constata-se que o custo externo de cada almoço foi de cerca de 11 Euros.
Portanto, os 330 "Cubenses Não-residentes" adultos pagaram 7 Euros por um almoço que teve custos externos de 11 Euros. Os restantes convidados, praticamente todos residentes no concelho, nada pagaram nem nada pagam, como é, aliás, absolutamente lógico. Provavelmente, neste vasto conjunto de convidados, poderemos encontrar algum familiar dos anónimos que acusam os "Cubenses Não-residentes" de se deslocarem à Feira para “mamar o almoço”. E, como a única coisa que lhes interessa é “mamar o almoço”, pois há quem escreva que eles nem sequer têm qualquer amor ou interesse pela terra que os viu nascer, deslocam-se de longe ou de muito longe, e gastam nessa deslocação o dinheiro que seria suficiente para algumas refeições em bons restaurantes na localidade onde residem. Mas a possibilidade de ir à Cuba “mamar o almoço à conta” dos que lá vivem e pagam os seus impostos é irresistível …, segundo se pode deduzir dessas tristes afirmações.
Cumpre também acrescentar que há um número considerável de "Cubenses Não-residentes" que são proprietários de residência na Cuba, e que, por isso, também eles pagam impostos que revertem directamente para o Município.
Pobres comentários de quem não parou um bocadinho para pensar nas barbaridades que escreveu e que com isso só contribuiu para criar ainda mais divisão artificial e inimizade entre os cubenses, semeando ventos de discórdia.
Voltando à afirmação do autor do blog, segundo o qual a participação de elevado número de não-residentes na votação teria resultado da sua «preocupação em manter um lugar no almoço anual (…)» mostra desconhecer que a participação no almoço-convívio é aberta a todos os Cubenses Não-residentes e que a iniciativa já leva vários anos de realização, que abarcaram anteriores actos eleitorais com resultados incontestados.
Como tal, no almoço participam os Cubenses não-residentes que o pretendam, independentemente de opções ou opiniões politico-partidárias que individualmente perfilhem. Certamente que haverá muitos simpatizantes ou militantes da CDU, como do PS ou de outros partidos, mas essas diferenças são irrelevantes quando comparadas com as razões que os levam à Cuba e que os unem, não se fazendo sentir em qualquer dos círculos de confraternização que espontaneamente acontecem naquele encontro.
A comparticipação da CMC para realização do almoço tem sido aprovada por unanimidade nas Reuniões camarárias e os vereadores da CDU também têm reconhecido a importância da manutenção destes encontros de Cubenses, que são ainda uma forma de dinamização da Feira e do próprio comércio local. É que, para além desse contestado almoço onde «beneficiam dos favores» da CMC contabilizáveis em pouco mais de 4 Euros, cada ‘Cubense Não-residente’ acabará por efectuar outras refeições na Cuba (certamente alguma num restaurante), faz umas compras, vai à Tourada a favor de colectividades locais, etc, etc. Provavelmente, em média, deixa mais de 50 Euros, por pessoa, no comércio local. Ou seja, um total superior a 20.000 Euros a troco de ir ‘mamar o tal almoço’

(continua ...)

SEMEANDO VENTOS (3) - responsabilidade vs. exaltação

Nestas eleições a CDU, os seus militantes e simpatizantes, tinham fundamentadas esperanças e legítimas expectativas de vencer estas eleições autárquicas na Cuba. Uma equipa fortemente motivada e um programa interessante, com alguns projectos bastante arrojados, bem como os mais recentes resultados eleitorais, foram reforçando essa convicção, mais para além do que apenas um desejo.
E compreende-se que a desilusão tenha sido muito forte, tão forte quanto era a proximidade da vitória.
Oficialmente, a Concelhia da CDU adoptou uma postura responsável e de serenidade, analisou os resultados e concluiu que houve factores estranhos que os influenciaram – votos de ciganos e de não-residentes, e informou que accionou os mecanismos legais para apuramento da verdade.
Todavia, lamentavelmente alguns dos seus simpatizantes (?) logo decidiram apontar baterias para os Cubenses Não-residentes, acusando-os de terem interferido indevidamente na escolha dos destinos da Cuba – a troco da presença num almoço anual…
Estando longe da minha terra e sem quaisquer outros dados que não os publicados nos jornais, neste blog e noutros locais da internet, também acho estranho que possam ter votado na Cuba cerca de 120 Cubenses Não-residentes.
Não porque seja inédito que haja cidadãos a votar nas suas localidades com as quais mantêm os mais fortes laços (no próprio dia das eleições a televisão emitiu reportagens focando algumas situações do género), mas porque o número me parece demasiado elevado para este tipo de situações.
Não me surpreenderia se, comparativamente com outros concelhos, que uma dezena ou vintena de Cubenses Não-residentes mantivesse ainda o mesmo cartão de eleitor que tinha anteriormente por desejar manter essa tal ligação afectiva à sua terra, ou que alguns outros tenham decidido oficializar como morada a residência que têm agora na Cuba, mas 120 acho um exagero, apesar de ter perfeita noção que os Cubenses Não-residentes mantêm forte afectividade e muito interesse com tudo aquilo que diz respeito à sua terra, bastante superior ao de outras gentes.
Qualquer que tenha sido o número efectivo dessas situações, também não me parece que se possa deduzir que todos esses Cubenses votaram da mesma forma, todos no mesmo partido.

(continua ...)

SEMEANDO VENTOS (4) - Raciocínios simples

Por isso, não tendo quaisquer razões objectivas para colocar reservas aos resultados eleitorais e que estes traduzirão efectivamente a vontade do povo da Cuba, aguardo com expectativa os resultados dos protestos apresentados junto das autoridades competentes e espero que quem acusa apresente provas daquilo que acusa, enquanto vou ensaiando alguns raciocínios simples baseados naquilo que foi escrito:
«Tenho 60 anos e nunca vi esta gente que foi votar cá por Cuba!»
Se este conterrâneo de 60 anos nunca viu essa gente que foi votar, será que se tratava de Cubenses? Eu creio que seria mais normal que os conhecesse!
Ou
«… uma moradora na freguesia de Faro do Alentejo solicita às autoridades a averiguação do recenseamento eleitoral de um indivíduo, que "utilizou" a sua morada para se recensear.»
Afirmação esta que é mais generalizada noutros comentários, onde se diz que várias pessoas descobriram que as suas moradas foram utilizadas no recenseamento de estranhos. Não sendo este dado acessível ao público, como poderá alguém afirmar que tem estranhos recenseados na sua casa? Será que está a inventar ou será que esse registo de recenseamento foi feito com o seu próprio consentimento?
Ou ainda
«… na freguesia de Cuba, na mesa 3 , a mesa dos jovens, a CDU teve a maioria dos votos…»
Ora na mesa 3, que depreendo tratar-se da mesa que abrangia os recenseados mais recentes por lhe ser chamada mesa dos jovens, estariam também todos os tais alegados recenseados inesperados, que não estavam recenseados em 2005. Ou não?
Se fôssemos acreditar em tudo o que se escreve nestes espaços cibernéticos, então eu poderia concluir que os 40 ciganos votantes (inesperados?) teriam “vendido” o seu voto simultaneamente a ambos os partidos, CDU e PS, a troco de dinheiro, favores ou promessas e que votaram em quem bem entenderam. Em questão de “negócio” ninguém lhes leva a palma…

(continua ...)

SEMEANDO VENTOS (5) - Conclusão

Qualquer que venha a ser o desfecho deste lamentável episódio e independentemente daquilo que se venha a apurar, quer isso tenha sido, conforme as acusações, a participação organizada de alguns Não-residentes motivada por interesses pessoais ou partidários, ou a adulteração dos cadernos eleitorais com inscrição de estranhos, ou pelo contrário, pura e simplesmente a criação de factos que nunca existiram ou o empolamento e tentativa de generalização de uma ou outra anomalia ou facto pontual, o Núcleo de Amigos da Cuba, enquanto Associação que engloba Cubenses Não-residentes, sendo alheia a toda esta polémica situação, lastima que alguns conterrâneos cubenses se tenham apressado, quer a apontar acusações quer a condenar generalizadamente outros filhos da terra, agudizando ainda mais as tensões fracturantes que têm afectado toda a sociedade cubense. Semeando ventos de discórdia.
E deste facto, não é nenhum dos partidos, CDU, PS ou PSD que sai a ganhar, nem agora nem no futuro, mas é a Cuba e são os Cubenses que saem a perder, para sempre.
VIVA A CUBA !!!

Carlos Alberto Calado
NÚCLEO DE AMIGOS DA CUBA

(Enviado para o Blog CubaLivre com conhecimento à Concelhia da CDU de Cuba)

Porquê?

Este blog surge casualmente, apenas para dar a conhecer na íntegra o nosso artigo "Semeando ventos", o qual contém esclarecimentos e opinião a propósito da participação de Não-residentes no acto eleitoral autárquico na Cuba.